Cerca de 50 pessoas de 20 diferentes nacionalidades participaram no dia 17 de Junho, na Casa Geral dos Missionários do Verbo Divino, em Roma, numa conferência sobre o tráfico de pessoas no mundo. Em 2006, o Capítulo Geral dos Missionários do Verbo Divino, que reuniu 160 pessoas de todo o planeta assumiu como resolução “a ampliação das informações sobre o tráfico de pessoas e a busca de colaboração com outros para liberar o mundo deste terrível flagelo”.
A conferencista foi a indiana e irmã salesiana Bernadete Sangma. Desde 1999 ela coordena o trabalho de promoção da mulher a partir de seu instituto. A congregação conta com comunidades de assistência às mulheres vítimas do tráfico na Itália e na Albânia. A religiosa define como missão do grupo “espalhar informação para que o conhecimento gere medidas de prevenção”. Trata-se de um projeto conjunto entre a USG e UISG (União de Superioras e Superiores Gerais) e a OIM (Organização Internacional para a Migração).
O filipino P. Antonio Pernia, Superior Geral dos Verbitas, comenta que até o momento o grupo de religiosas está envolvido nesta missão, mas não conta com colaboração da parte masculina. Para ele, a importância da conferência está na oportunidade de “um problema tão grande como este ser conhecido pelas comunidades, especialmente do ramo masculino. Embora seja uma responsabilidade de todos, a questão sensibiliza mais as mulheres e menos os homens. Por isso, existe a necessidade que sejamos mais informados do problema”, conclui.
Entre os casos citados pelo dossiê está o de um senhor chinês, de nome Ngun Chai, que vendeu a sua filha de 13 anos para a prostituição, ao preço de uma televisão e ainda manifestou sentir pena de não a ter vendido por um preço melhor. Outro caso é o da menina Berta, originária da vila de Sapele, um estado que faz fronteira com Edo (Nigéria). Um conhecido contactou-a perguntando-lhe se ela queria trabalhar com a sua irmã num salão de beleza na Alemanha. Em vez disso, Berta encontrou-se na Itália onde lhe deram roupas provocantes e a obrigaram a ir para a estrada.
Quando entramos nos dados a constatação se torna ainda mais escandalosa. Todos os anos, entre 800 mil e dois milhões de pessoas são apanhadas no circulo do tráfico. A maior parte das vítimas vem da Ásia. Em um ano, cerca de 225 mil mulheres são traficadas do Sudeste da Ásia e cerca de 150 da Ásia do Sul. A ex-União Soviética é já considerada uma das maiores fontes de tráfico: as mulheres envolvidas para a exploração sexual são cerca de 100 mil. Todos os anos entre 200 mil e 500 mil mulheres são traficadas da América Latina para os Estados Unidos e a Europa.
Milan Bubak, Coordenador da Dimensão de Justiça e Paz dos Verbitas comenta que um dos motivos da propagação deste flagelo é a “falta de informação e a ingenuidade das pessoas que crêem em falsas promessas”. Bubak recorda ainda que o trafico “não está relacionado apenas com o comércio sexual, mas também com outros tipos de abuso, como a escravidão no trabalho e até mesmo o assassinato de pessoas para comercialização de órgãos”.