MENSAGEM DE NATAL DO SUPERIOR GERAL, ROMA 2024

“Que grande e sublime exemplo nosso Salvador nos deu em Sua entrada neste mundo.
Ele não escolheu a glória e a riqueza como seu direito, mas o desprezo e a pobreza. (...)
Consideremos bem isso quando adorarmos o Divino Salvador no presépio, e gravemos
seu exemplo em nossa mente para que possamos imitar sua humildade”. -Santo Arnaldo Janssen

 

Queridos irmãos e irmãs, comemoramos o Natal do Senhor em um tempo especial para
nossa família missionária, que está comemorando seu jubileu de 150 anos de fundação, e
para toda a Igreja, que está celebrando o Jubileu Ordinário dos 2025 anos do nascimento
de Jesus.

Ao carregar a imagem do menino Jesus em procissão pela terceira vez, senti o peso de
ser um dos sucessores de Santo Arnaldo Janssen. A primeira vez foi ainda no capítulo
geral, quando o departamento de comunicação publicou uma sequência de fotos de todos
os superiores gerais, desde o fundador até o meu nome, que estava no final da lista. A
segunda vez foi na abertura do nosso ano jubilar, em Steyl, na Santa Missa do dia 8 de
setembro deste ano. Entrar em procissão na Igreja Superior da Casa Missionária e presidir
a Eucaristia naquele lugar, onde cada detalhe foi querido pelo nosso fundador e alcançado
com esforço, para que ali fosse construída uma comunidade missionária, foi um sinal da
responsabilidade assumida. No entanto, preciso dizer-lhes que, ao repetir o gesto de padre
Arnaldo, carregando cuidadosamente o menino Deus, nos leva a todos diretamente à fonte
e ao sentido da nossa vocação missionária.

Padre Arnaldo quis uma congregação dedicada ao Verbo Divino para proclamar a Palavra
de Deus. “Assim, o próprio Verbo Divino tornou-se o princípio unificador da espiritualidade
da Congregação em todas as suas atividades e, de fato, a própria razão de sua existência”
(MIOTK, A. Untiring Missionary of the Word and the Spirit, 2022). Em 1883, Arnaldo introduziu essa
procissão em Steyl, e em 1902, todas as casas da Congregação na Europa já realizavam
o mesmo rito.

Ao celebrarmos o Natal, celebramos o mistério da Encarnação. Deus amou tanto o mundo
que enviou o seu filho como salvador (João 3,16). Mas o evento que marca a história da
salvação e a nossa espiritualidade é que aquele que é enviado pelo Pai entra no mundo
desta forma, pequeno e vulnerável, em carne humana. Creio que aqui esteja uma das

razões para tamanha ternura de Arnaldo com o menino Jesus: acolher a vulnerabilidade
humana como caminho escolhido por Deus para a salvação da humanidade.
Se me permitem, vou um pouco mais adiante. Parece-me que aqui as vulnerabilidades se
encontram. A primeira é a do Deus menino, que necessita de aconchego e calor, e a
segunda é a do homem com coração na missão, que se reconhece pequeno para que
Deus mesmo possa guiá-lo. Não se tratava apenas de piedade, mas de identificação.
Cada pessoa está chamada a se encontrar e se identificar com o Deus menino, nascido na
periferia e adorado pelos pastores na noite fria.

“Isto lhes servirá de sinal: vocês encontrarão um recém-nascido envolto em faixas e
deitado na manjedoura.” Lucas 2, 12

No menino envolto em faixas e no ritual que repetimos segundo a nossa tradição, não nos
limitamos a recordar. Mas damos passos em direção à transformação e à conversão
missionária. “Padre Arnaldo entendeu que a grande mensagem da noite de Natal é que
não podemos agradar a Deus se não nos tornarmos pequenos.”(MIOTK, A. Untiring Missionary of the Word and the Spirit, 2022) Isso deve ser um sinal para nós!

Como missionários, ao longo de 150 anos, temos feito grandes coisas. Fomos pioneiros ao
fundar cidades, consolidar a Igreja, educar gerações, defender a dignidade da vida e, é
claro, pregar a Palavra de Deus. Tornamo-nos a sexta maior congregação masculina da
Igreja Católica e a primeira entre as congregações missionárias. No entanto, se não nos
identificarmos com o recém-nascido do presépio, reconhecendo que também somos
pequenos, mas enviados para cuidar daqueles que estão feridos ao longo do caminho, não
faremos da vida de Jesus, Verbo Divino, a nossa vida e da Sua missão a nossa missão.

Em suas memórias, o padre Grosse-Kappenberg escreveu: “O Superior Geral sempre
realizou essa cerimônia (de Natal com a procissão do Menino Jesus) na própria Casa Mãe
(...). Ele o fez pela última vez no Natal de 1907. Jamais esquecerei a impressão que o
padre de cabelos brancos causou ao se ajoelhar diante do Menino Jesus e recitar as
orações que brotavam de seu coração, com o rosto radiante de devoção e santa alegria.
Naquela ocasião, ele estava realmente em seu próprio estado de espírito”. Mais uma vez,
vou além: ele estava em profunda identificação com o Verbo Divino encarnado para a
salvação do mundo.

Que a imagem do menino envolto em faixas seja, neste ano jubilar, um sinal de conversão
para nós. Que a nossa identificação com o Verbo Divino e a sua encarnação seja o nosso
testemunho diante de todas as pessoas. Assim seja!