No meu trabalho como voluntário no Centro Social Paroquial de São Nicolau na baixa de Lisboa, tenho oportunidade em acompanhar cerca de 20 famílias ucranianas que tiveram de vir para Portugal por causa da Guerra na Ucrânia.
Duas vezes por mês, distribuimos um cabaz de alimentos frescos e não perecíveis a cada família. Uma vez por mês, damos também um vale de compras para alimentos essenciais. Mas, mais que este apoio alimentar que prestamos aos nossos irmãos, que tiveram de deixar a sua terra e a sua vida, separados dos familiares e amigos, procuramos prestar apoio moral e espiritual que mais precisam.
Tento sempre conversar com eles. Compreendo pouco o ucraniano e eles também pouco o polaco, e com português a dificuldade é maior. Mas, mesmo com esta barreira linguística entre nós, há uma linguagem que nos une, que nos faz compreender os gestos, olhares, sorrisos e lágrimas. É como disse o nosso São José Freinademetz: “A linguagem de amor é a única linguagem que todos os homens compreendem.” Nisso, compreendo que a minha missão aqui não é apenas destribuir bens alimentares, mas é muito mais. É preciso estar ao lado deles neste momento difícil como irmão, acompanhá-los e ajudá-los a curar as feridas e traumas que esta guerra trouxe às suas vidas e famílias. E com eles, aumentar a fé e esperança de que esta guerra acabará e virão dias melhores.